dois canalhas e uma mesa de bar

janeiro 18, 2009

Dois canalhas estão sentados numa mesa de bar, ao lado de alguns amigos, quando começa na TV um capítulo da minissério Maysa. Diálogo verídico.

Canalha 1 – Não entendo qual a relevância de fazer uma série da Maysa. Ela cantava mal, era feia…
Canalha 2 – E não tem nenhuma cena picante! Deprimente. Acho uma vergonha para uma emissora utilizar um horário que já teve séries como Presença de Anita, Hilda Furacão e Incidente em Antares para passar Maysa…
Canalha 1 – Incidente em Antares?!
Canalha 2 – Siiim, havia uma nesga de peitinho da Marília Pêra…
Boêmio 1 – Marília Pêra?! Ela era um cadáver!
Canalha 2 – Ah…mas valeu a pena…
Boêmio 1 – O peito dela devia parecer uma jaca!
Canalha 2 – Que nada! Era uma perinha…
(Risos)


jornalismo é…

dezembro 13, 2008

O jornalismo é escroto. Já ouvi – e concordei com – a frase umas milhares de vezes. Trago à baila um fato que, particularmente, me enojou recentemente.

Rodada final do Campeonato Brasileiro. Futebol. Paixões. Todo repórter esportivo que se prese tem um time de sua preferência. Ao contrário do Rio Grande do Sul, de onde venho, os repórteres paulistas costumam assumir que torcem para determinada equipe sem qualquer constrangimento. Acho certo. Torcer para uma equipe não significa que o jornalista vai compactuar com tudo que se faça na supracitada. Sou colorado, por exemplo, mas não concordo que o Tite é lá um grande treinador.

Paixões à parte, porém, presumo que o repórter deve manter certo distanciamento. Antes, as prerrogativas do jornalismo, depois o clube do coração. Pois bem, neste domingo, em Brasília, no jogo do São Paulo contra o Goiás (1 a 0 para o tricolor, que comemorou o título), havia muitos jornalistas são-paulinos na platéia. Nada demais, se…

1) eles não tivessem participado da festa, em vez de simplesmente retratá-la

2) muitos deles não fossem amigos intimos de alguns jogadores. Tem jornalista que passa férias na casa de certos atletas. Claro que não publica uma matéria que possa ferir a imagem de tal jogador…

Isto me incomodou. Particularmente (olha o particular aí mais uma vez), procuro ter uma conduta profissional com o que estou cobrindo. O que, na minha opinião (o particular de novo), inclui não confundir amizade e paixão com trabalho. Os jogadores e técnicos bem-sucedidos fazem isto. Acho que nós, jornalistas, deveríamos levar o exemplo mais a sério.

Que post sério, né? Afe.


devaneios de sábado à tarde

dezembro 13, 2008

Sábado. Pessoas normais já descansam, aproveitam o final de semana. Jornalistas, com algumas exceções, trabalham. Pois bem, terceiro sábado seguido de trabalho, cansaço, rabo de olho no extrato bancário deplorável: momento para um devaneio. Enquanto lia uma matéria sobre o show da Madonna, refletia: como ando lendo pouco, trabalhando muito e escrevendo mais do que devia – não no blog, obviamente.

A verdade é que com blogs, twitters, etc, passamos a escrever mais e ler menos. E cada vez coisas menos úteis. Falo por mim – e meu euzinho. Paro para ler e pensar no que estou lendo pouquíssimas vezes. Utilizo em meus textos para o jornal as “muletas” de sempre. Foco minha leitura e meu raciocínio basicamente apenas em notícias esportivas (um sábio aí disse que, das coisas menos importantes, o futebol era a mais importante. Sigo à risca a filosofia).

Neste início de tarde de sábado, parei para ler. Ler jornal. Ler sobre cultura. Sobre um show que não vou e nem tenho tanto interesse assim. Mas o texto estava delicioso. Com os pés sobre a minha mesa na redação, lembrei do porquê o jovem estudante de 18 anos, que largou o direito pelo jornalismo, fez tal escolha. E me sinto feliz. Incrível. Ler e pensar um bocadinho de vez em quando traz felicidade. Devia me dar ao luxo de fazer isso mais vezes.


la mano de Dios

novembro 29, 2008

"la mano se te va sola"

Um amor antigo às vezes volta com inusitado interesse. No meu caso, este amor se chama Maradona. Voltou porque o amigo José Henrique Lopes me pediu para “ajudar” um amigo argentino seu e escrever umas linhas tortas sobre dieguito, agora técnico, para o jornal Perfil, da Argentina. Não só escrevi como aproveitei para comprar a autobiografia (Yo Soy el Diego de la Gente) do craque. Leitura obrigatória para os amantes do futebol. Garantia de boas estórias como esta, abaixo, sobre um antecedente ( El Diez ainda era um menino a jogar no time infantil dos Cebollitas) do famoso gol feito com “la mano de Dios”, ante a Inglaterra, nas quartas-de-final da Copa do Mundo de 86. A Argentina venceu aquele torneio e Maradona começou a entrar para a História.

“(…) En el Parque Saavedra hice un gol con la mano, los contrarios me vieron, y se fueron encima del referí. Al final le dio el gol y se armó un lío bárbaro… Yo sé que no está bien, pero una cosa es decirlo en frío y otra cosa muy distinta tomar la decisión en la calentura del partido: vos querer llegar a la pelota y la mano se te va sola. Siempre me acuerdo de un árbitro que me anuló un gol que hice con la mano contra Vélez, muchos años después de los Cebollitas y muchos años antes de México ’86. el me aconsejó que no lo hiciera más; yo le agradecí, pero también le dije que no le podía prometer nada. No sé si él habrá festejado el triunfo contra Inglaterra.”

Gênio.


eu voltei…

novembro 29, 2008

Eu voltei, agora pra ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar
Eu voltei pras coisas que eu deixei, eu voltei
Fui abrindo a porta devagar, mas deixei a luz entrar primeiro
Todo meu passado iluminei, e entrei
Meu retrato ainda na parede, meio amarelado pelo tempo
Como a perguntar por onde andei e eu falei
Onde andei não deu para ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar

Tudo isto para dizer que, sei-lá-quantos-meses-depois, voltarei a escrever no blog.


a magia de uma (vaga) camisa 9

junho 15, 2008

O último momento marcante daquele camisa 9 de longas melenas deve ter passado despercebido até para a maioria da torcida que gritava o seu nome durante os jogos. Trajando branco, a cor virginal que também vestia quando da maior conquista da história, o jogador, apressado, buscava a bola no fundo do arco adversário depois de ter marcado um gol. Era apenas a partida decisiva das oitavas-de-final da Copa do Brasil. O Beira-Rio havia ansiado calado até aquele momento. A desvantagem era de três gols e aquele era recém o primeiro de cinco tentos que classificariam os vermelhos. Ao final do jogo, a torcida sorria. A esperança havia sido devolvida àquela massa de pedreiros, padeiros, açougueiros e, por que não?, empresários endinheirados que tinham a mesma paixão. Fernandão era o comandante da esperança. Não importava que nos jogos seguintes ficaríamos pelo caminho. Assim havia sido desde que marcou seu primeiro gol pelo Internacional, de cabeça, sua marca registrada, contra o maior adversário de todos, apenas na sua primeira partida pelo clube. Chegou para ser ídolo. Foi ídolo. Agora vai embora. Voa rumo a um oásis de verdes notas no oriente. A camisa 9 está vaga mais uma vez. Talvez para sempre como já haviam ficado vagas a de número 3 de Figueroa e a de número 5 de Falcão. Adeus, capitão.


e nasce o futebol platino. viva o socialismo.

junho 15, 2008

“Foi um processo irreversível. Como o tango, o futebol cresceu a partir dos subúrbios. Era um esporte que não exigia dinheiro e que podia ser jogado sem nada além da pura vontade. Nos baldios, nos becos e nas praias, os rapazes nativos e os jovens imigrantes improvisavam partidas com bolas feitas de meias velhas, recheadas de trapos ou de papel, e um par de pedras para simular o arco. Graças à linguagem do futebol, que começava a tornar-se universal, os trabalhadores expulsos do campo se entendiam muito bem com os trabalhadores expulsos da Europa. O esperanto da bola unia os nativos pobres com os peões que tinham atravessado o mar vindos de Vigo, de Lisboa, Nápoles, Beirute ou da Bessarábia, e que sonhavam fazer a América levantando paredes, carregando caixotes assando pão ou varrendo ruas. Linda viagem a que havia feito o futebol: tinha sido organizado nos colégios e universidades inglesas, e na América do Sul alegrava a vida de gente que nunca tinha pisado numa escola.”

Trecho de Futebol ao Sol e à Sombra, de Eduardo Galeano.


só ouvimos o nome de isabella

abril 6, 2008

É a notícia da semana no Brasil: o comovente assassinato de Isabella. Nas rodas de bar, no trabalho, nas ruas, em todo o lugar se fala do fato. A imprensa aborda a morte da menina com a delicadeza costumeira. Não respeita sequer o luto da família da criança. Não pede permissão. Vai vasculhando, afinal, o povo quer saber. E eu me pergunto: isso tudo está certo?


sobre cotas

abril 6, 2008

Melancolicamente zapeando canais da TV em uma noite de sábado, me deparo com um debate sobre cotas para negros nas universidades. Duas meninas negras, bonitas como só elas, lançam farpas contra e a favor da medida no programa do Serginho Groismann, que não sei e nem quero saber o nome. Sobre cotas, o transeunte tem uma opinião. “É uma pequena injustiça para tentar iniciar uma fase de solução de uma grande injustiça histórica pela qual passaram os negros nascidos neste país.” A frase é do senador Cristovam Buarque e sacramentou minha opinião. Não esqueçemos que as cotas são um paliativo, blá, blá, blá…Como disse o senador, é só o começo de um olhar mais inclusivo para o negro. E mais: o problema das cotas nas universidades nem é a maior dificuldade da educação no Brasil. Quem sabe falamos um pouco mais sobre educação básica de qualidade para o brasileiro?!


huck, o intelectual(óide)

março 29, 2008

Agora me vem Luciano Huck opinar sobre a epidemia de dengue do Rio que respingou nele também. Pois o mais novo intelectual brasileiro culpa as autoridades sanitárias. Que o dr sabe-tudo me permita discordar. Está claro, basta acompanhar as inúmeras campanhas educativas nos meios de comunicação ou mesmo falar com um médico, que a única forma de tentar parar a doença é acabando com os focos do mosquito que a transmite. Como fazer isso? Eliminando qualquer recipiente que contenha água parada. Pois é claro que são poucos funcionários para fiscalizar a casa de todo mundo e a população precisa fazer a sua parte. Pneus velhos, vasos de plantas e até piscinas com água parada devem ser esvaziados. É a única forma. Mas dr Huck prefere aconselhar as crianças a usarem repelente antes de irem ao banheiro. Que figurinha hein, ô?! Sem falar que anda meio azarado…