O jornalismo é escroto. Já ouvi – e concordei com – a frase umas milhares de vezes. Trago à baila um fato que, particularmente, me enojou recentemente.
Rodada final do Campeonato Brasileiro. Futebol. Paixões. Todo repórter esportivo que se prese tem um time de sua preferência. Ao contrário do Rio Grande do Sul, de onde venho, os repórteres paulistas costumam assumir que torcem para determinada equipe sem qualquer constrangimento. Acho certo. Torcer para uma equipe não significa que o jornalista vai compactuar com tudo que se faça na supracitada. Sou colorado, por exemplo, mas não concordo que o Tite é lá um grande treinador.
Paixões à parte, porém, presumo que o repórter deve manter certo distanciamento. Antes, as prerrogativas do jornalismo, depois o clube do coração. Pois bem, neste domingo, em Brasília, no jogo do São Paulo contra o Goiás (1 a 0 para o tricolor, que comemorou o título), havia muitos jornalistas são-paulinos na platéia. Nada demais, se…
1) eles não tivessem participado da festa, em vez de simplesmente retratá-la
2) muitos deles não fossem amigos intimos de alguns jogadores. Tem jornalista que passa férias na casa de certos atletas. Claro que não publica uma matéria que possa ferir a imagem de tal jogador…
Isto me incomodou. Particularmente (olha o particular aí mais uma vez), procuro ter uma conduta profissional com o que estou cobrindo. O que, na minha opinião (o particular de novo), inclui não confundir amizade e paixão com trabalho. Os jogadores e técnicos bem-sucedidos fazem isto. Acho que nós, jornalistas, deveríamos levar o exemplo mais a sério.
Que post sério, né? Afe.